Originou-se no sul dos Estados Unidos com os negros americanos, escravizados em plantações de algodão, tabaco e milho. Usavam o canto para embalar intermináveis e sofridas jornadas de trabalho. Cantavam à liberdade e também ao cotidiano.
A instrumentalização das work songs foi o marco inicial para o surgimento do blues como estilo de música. O tom baixo, ritmo sincopado e repetitivo, o canto visceral e a poesia libertária são sua marca e dão ao blues expressividade e intensidade, além de vigor e sensualidade.
Durante o século XX, o blues transbordou o delta do Mississipi, passou por sucessivas mutações, eletrificou-se e ganhou o mundo.
Podemos defini-lo de forma musicológica e histórica: “A escala do Blues nasce da contaminação da escala diatônica ocidental pelo sistema africano. As melodias se organizam no interior de um sistema pentatonal que ignora o semitom, compreendendo uma escala de cinco tons inteiros que coincidem com cinco dos intervalos da escala diatônica e não concordam com dois deles, o terceiro e o sétimo, que são semitons na escala diatônica e são, dessa forma, estranhos ao ouvido africano. Quando colocado em contato com uma música de um tom maior diatônico, o africano tem tendência a não mais saber onde se encontra. Todas as vezes em que aproxima do terceiro e do sétimo em qualquer acorde, ele terá tendência a distorcê-los por violentos efeitos de vibrato até que entrem em sua escala alterando por sustenido ou por bemol. 0 tempo passa, e tais modificações tendem a cristalizar-se sob a forma de novas escalas que não devem ser consideradas muito tempo como fantasias... De uma dessas escalas saiu toda a tradição do jazz americano. Essa escala, que é a maior adicionada de terceiras e de sétimas menores, foi algumas vezes chamada de "escala Blues". A escala Blues apresenta, por conseguinte, dois pontos de ambigüidade: a nota do terceiro grau - a mediante é de bom grado desviada de semitom, determinando assim, com a tônica, um intervalo de terça menor; o mesmo ocorre com a do sétimo grau - a sensível - determinando assim um intervalo de sétima menor. São essas notas - que fazem com que a escala Blues hesite constantemente entre o modo maior e o modo menor e gere, com isso, seu clima expressivo característico - que chamamos de Blue notes... Essa escala, através do significado equívoco que instaura, comanda toda a música negro-americana autêntica..."
Porém, melhor que uma longa exegese, o título de um Blues célebre resume bem tudo o que é essa música:
The Blues ain't nothing but a good man feeling bad (O Blues não é nada além de um bom homem se sentindo mal)".
Para mergulhar na história, Blues America: